sábado, 27 de novembro de 2010

Pela igualdade da gente igual

Nos últimos anos, um vertiginoso número de movimentos em prol da igualdade de direitos tem marcado nossa existência como sociedade. Cada qual com sua devida notoriedade, esses movimentos tem ensurdecido grande parte do povo brasileiro, que não se encaixa em nenhum dos requisitos dos panelaços, paradas, passeatas e congêneres.

Por essa razão, saio em defesa dos que são terrivelmente discriminados pela falta de um movimento que os abranja. Estou fundando o Movimento Universal pela Valorização da Gente Comum, que visa defender o direito da população normal, neutra. Gente que não se autodiscrimina por ser branco ou preto, rico ou pobre, homo ou hetero. Gente que não faz da sua cor, sexo, religião ou raça, um estandarte da exclusão social que sofrem ou pensam sofrer.

Por muitas vezes me pergunto se a discriminação de seja lá quem for realmente existe, na proporção que dizem. Porque acredito que “discriminar” vai além do que o senso comum define. Discriminar é estabelecer diferenças que excluam algo ou alguém de um contexto, dos menores aos maiores grupos sociais. E sob essa ótica, ninguém tem tanto potencial discriminatório quanto os próprios “excluídos”.

Aqueles que militam em movimentos barulhentos para lutarem pela igualdade se esquecem de ser iguais. Não tenho dúvidas de que todos, sem exceção, temos o mesmo valor. Aprendemos isso desde pequenos e, quem é cristão, sabe que isso é uma das regras áureas do amor ao próximo. Mas até onde me recordo, nunca presenciei um Dia Internacional do Homem, nem uma Parada do Orgulho Heterossexual, nem um Dia Mundial da Consciência Alva. Nada contra, mas é que fica difícil conversar no mesmo volume de quem está gritando no seu ouvido com microfones e caixas de som. Nossa voz fica abafada.

Os Manifestos Mundiais de Qualquer Coisa, que consistem numa mobilização comunitária com padrões próprios de sobrevivência, nada mais são do que formas paralelas de sociedade. Vivem na vanglória da militância, mas não subsistiriam sem a estrutura social secular da qual partilhamos, sendo nós homens, mulheres, crianças ou que for.

São movimentos que existem numa relação simbiótica entre eles e quem os sustenta, como um filho rebelde que ainda precisa dos pais, mas quer ser independente. Aos olhos dos pais, esse filho é idêntico aos outros, não fosse o seu irritante complexo de inferioridade. A frequente mania de ele próprio achar que vale menos que os irmãos.

Nada que não se resolva numa boa conversa.

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